O senhor Chico, assim o tratamos carinhosamente, é aquela figura masculina que mesmo sem querermos, como se fosse possível, respeitamos; não sei se é do bigode ou da altura de anda mais ou menos pelo 1,80 m modestos, dos 90kg `a-vontade... ou se pela carisma que transpira.
Numa noite destas gostava de lhe ter perguntado algo, já algumas vezes me tenho aconselhado com ele, é uma pessoa sensata, de sabedoria. Na outra noite gostava de lhe ter perguntado como se conseguia viver com a hipocrisia das pessoas. Mas não tive essa oportunidade, e enquanto isso, fiquei encostada na esquina da parede amarela daquele salão a observar e acenar com um sorriso forçado para pessoas muito animadas, que me iam cumprimentando ao longe, de sorriso largo na cara talvez por causa dos jarros vazios de sangria, talvez por causa da música, talvez por que entre elas se divirtam com a sua hipocrisa em camadas excessivas.
Engoli em seco, dei meia-volta, abanei a cabeça da figura desproporcional daquela gente, peguei no carro e fui sair.
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