02 julho 2010

coisas de momentos

cheiro a nicotina, descafeinado, café das índias, café, chocolate. o ambiente é amistoso, na verdade, é um misto de muita coisa, digamos, tem o seu... q.b. de banalidade. " - há de tudo!", ouve-se do barulho de fundo, da confusão esganiçada, das vozes estéricas das mulheres mal casadas, digo eu, sei lá eu! eu não sei nada. eu tenho vinte aninhos ainda pouquinhos, elas são quarentonas, umas já avós mas são daquele tipo que lembram os retalhos - pano daqui, pano dali, redilhas, peúgas, turses, cuecas rotas e velhas, borbotos em todo o lado; no ar imagino uns fios soltos a planar na gravidade...
cheiro a nicotina, descafeinado, café das índias, café, chocolate a derreter na boca. é uma aventura sentar-me numa destas mesas de pinho mel entre mulheres e homens. eles falam de futebol e gajas, literalmente gajas, e futebol e motas mas também vão variando entre um tema e outro lá vai surgindo umas conversas de algo mais prático e interessante; a motivação da conversa delas agora é sobre não sei quem que vem não sei de onde não sei quando, uma pausa da estimação do farmville.
ah o farmville... coisa estranha essa, parece um virus que se instalou por todo o lado. falam constantemente do farmville. uma porque tem a torre eiffel, a outra que tem a pisa; uma qualquer fala da colheita da "árvore dos morangos", a outra que tem um poço... e todas ao mesmo tempo nem sei como se entendem. os homens desdenham, riem-se entre si da figura burlesca das suas mulheres; mulheres vazias de si, cheias de pretensões fúteis. satisfazem-se assim sem conhecer o mundo fora do seu umbigo, abaixo do seu nariz.
o tabaco acalmou. elas continuam na conversa agitadíssima, super interessante - o ponto alto da semana delas - o volume deles baixou; o meu chocolate preto da côte d'or está a chegar ao fim, já só me falta um quadrado...
chegou ao fim. já não tenho o sabor inical do café da máquina nespresso, dos grãos de café compactados nestas embalagens modernas que se enfiam nas ranhuras das novas máquinas de café.... como é que enfiam ali bagos e bagos de café? é curioso, no mínimo. enfim! modernices como diria a minha mãe. eu, pessoalmente, para mim e para vós profiro a minha frase de excelência que ainda nem publiquei no quadrado das coisas de momentos: "a ignorância é má mas a limitação é muito pior. combates a ignorância de uma pessoa com instrução e dedicação; mas a limitação... como combates?"
fizeram uma pausa do tabaco. comem pevides e tremoços; falam dos aborrecidos e doutras coisas que sei lá... são tão banais que nem chegam aqui, a dois metros de distância entre mim e eles; elas falam mal deles entre si e programam a sua noite de sábado deste fim-de-semana que será uma quebra de rotina dos últimos meses; não descansarão a língua mas talvez as costas depois de meses de trabalho duro na quinta.

01 julho 2010

sonhos de mil e uma noites

vai-me na alma um desejo louco de me lançar no vento e ir sem destino. correr mar e terra. chegar ao fim dos horizontes das índias e das américas na proa de uma caravela portuguesa. conhecer a europa a cavalo do touro apaixonado. dançar ali-babá. fumar o cachimbo da paz. conhecer os maias, os himalaias, as cataratas do niagára. quero descobrir os jardins suspensos, encantados da babilónia, o meu paraíso na terra. quando eu morrer quero ir para lá. sou boa pessoa. quero ler os hieróglifos, os caracteres. comer à chinês na muralha da china. rezar nas basílicas. tocar com a ponta dos meus dedos as aureas broeais. seduzir no tango. amar com paixão. cantar a ópera. dançar o corridinho.
quero ir no vento como uma penungem. e ir e voar, planar... daqui ali num instante.
eu lembro-me, em criança, que os sonhos eram tão verdadeiros, parecia que ia a todo o lado quando sonhava. mas depois acordava e não via ali nada ao pé da mão. mas à noite, quando me deitava na minha cama de lençóis de flanela cheia de elefantes pendurados em quarto de luas amarelas, eu aninhava-me em mim e fechava os olhos para mais uma aventura. mais uma noite de sonhos. tive mil uma noite de sonhos de magias, de lamparinas, de lanternas, de mágicos e sereias. agora sonho acordada e dizem-me que tenho a cabeça na lua. ah se soubessem...

vai-me na alma um desejo louco de me lançar no vento e ir sem destino. correr mar e terra. ir além-mar. conhecer pescadores e pastores e deitar-me entre as ervas, cheirar uma margarida e sorrir com o sol de chapa na cara. chapinhar nos riachos da chuva e correr à frente de toda a gente. como uma menina irrequieta!

ah se soubessem...

29 junho 2010

Struthio camelus

mito ou não é a única coisa que me apetece fazer neste momento!!

28 junho 2010

orquídeas

as flores estão a cativar-me. anseio por ser uma pessoa mais disciplinada e querer cuidar delas. a orquídea branca é a paixão da minha mãe. cuida dela com um carinho enorme. já teve algumas. umas morreram. mas é uma flor sempre bem-vinda a minha casa. desde sempre me habituei a vê-la junto das paredes da casa. já me viu chorar. já me viu rir. já me viu escrever. ela mantém-se sempre bela a cada chegada da primavera. e alegra-me. alegra a casa. a sua presença tão singela, tão mimosa... faz-me perder bocadinhos de tempo preciosos junto dela. é uma flor muito bonita. é uma flor que me recorda sempre a minha mãe. faz-me sorrir quando estou triste ou chorar tudo de uma só vez. faz-me ser eu. inspirar bem fundo e encher-me de mim!