25 junho 2010

Ólafur Arnalds - 3055

vida.

respira.


respira a vida a cada segundo que passa.

não deixes que passe por ti.

não deixes.

olha. pára!

ouve.

ouve o bater do teu coração.

fecha os olhos. esquece o mundo.

o mundo não te conhece.

não sabe o que perde, o mundo.


olha para mim. estou aqui a teu lado.

olha por mim quando estiver longe.


manda uma carta pelo vento. faz-me sonhar.

faz-me sorrir. pisca-me o olho. mando-te um beijo.

danço no vento.

danço com o vento. junta-te a nós.

amo-te!

23 junho 2010


se eu cair há alguém que me ampare a queda?
se eu chorar quem me enxuga as lágrimas?
se eu quiser marcar a areia com os meus pés quem me ajuda a fazê-lo com mais força?

quero o meu lugar ao sol

escrevo por escrever porque enquanto escrevo não penso. as palavras vão saindo e eu só olho para o monitor do computador quando acho que cometi algum deslize ortográfico. escrevo pelo simples prazer de escrever, porque sinto uma necessidade de expôr o que me vai no coração - de bom e de mau - e na mente que não sossega nem a dormir, que todas as noites sonho coisas estranhas, que eu não entendo, mas conheço-lhes a persistência. algo está para vir mas as mensagens estão codificadas e eu não as entendo. escrevo. sinto necessidade de reclamar do mundo o que me é de direito e a coragem que ficou não sei onde. já nem sou a mesma pessoa teimosa que aos quinze anos não se importava com nada do que lhe diziam nem tão pouco fazia caso do que quer que fosse apenas do que entendia por certo e lutava. quero o meu lugar ao sol!! quero o meu lugar ao sol...
quero chorar aqui, que ninguém vê, e rir do que vejo, que só eu vejo, quero ser eu. quero o meu lugar ao sol... quero voltar atrás no tempo e fazer coisas de certo modo diferentes; pequenos e singelos pormenores. coisas que deixei passar na altura e agora me persegue a sua imagem para todo o lado. esta não sou eu. eu quero continuar a sonhar. os sonhos-acordados, pois claro está. quero voltar a sujar os dedos de tinta d'óleo e borrar as telas - ah o prazer de sentir a tinta deslizar sobre os meus dedos!... - quero as minhas linhas de novo, os meus bocados rasgados de guardanapos da cantina ou do café; quero os lápis de cor FABER CASTLE à minha volta, o cheiro entranhado nas minhas mãos, na bolsa, na camisola ao final do dia. quero a minha pasta enorme onde guardo os meus esboços. onde tenho guardado os meus sonhos desconhecidos... eu quero o meu lugar ao sol! tenho direito a ele! e por onde ando só há mau tempo, e chuva e brumas. e eu não quero nada disso. quero as minhas letras todas de uma vez só. quero as minhas folhas brancas A3 a conversarem comigo. quero as minhas letras. os meus medos. os meus sonhos. as minhas idéias. as minhas teorias. eu quero os meus tempos de escola que ficaram lá atrás. quero o que de bom aquilo tudo tinha. tenho de ir buscar os meus lápis.
obra de WASSILY KADINSKY, YELLOW, RED, BLUE, 1925

feliz aniversário e vida próspera



a minha cara colega fez anos ontem - sessenta e nove - e eu deixo-lhe uma simpática homenagem ;)))))

22 junho 2010

dias


amanhã é outro dia. todos os dias são outros dias, dias seguidos de outros dias que já passaram e foram presentes. agora são passado, os dias passados... não tinham fita de laço encarnado nem papel de embrulho brilhante. foram dias sem brilhantinas nem serpentinas. dias que passaram por si só sem deixar marca da sua passagem. a rotina instalou-se. demora a sair como as nódoas no melhor pano. a mancha continua sempre lá e o pano envelhece.