Luísa era uma mulher de forças, de armas, inconstantemente satisfeita, dona do seu nariz. Não tinha marido nem filhos, os pais ocupavam-lhe a cabeça o tempo todo que não o passava a trabalhar.
Todavia até o maior guerreiro perde as forças e também ela desejava chegar à sua cama, à noite, depois da noite porque assim que o relógio de sala toca as 12 badaladas ela tem consciência que são 24horas passadas de mais um dia de dramas, respira fundo e deixa sair num tom mudo: "- meia-noite...".
Tiiii....Tiiiii...Tiiiii... - 07h:30min...
Mais um dia interminável depois de uma noite tão curta... "Estamos no inverno, é suposto as noites serem maiores que os dias...", disse ainda meio ensonada, meio resingona, meio acordada...
Levantou-se, tomou banho, preparou o seu pequeno-almoço, o lanche para meio da manhã e saiu; a rotina do costume, as batalhas do dia-a-dia, os suspiros, as lágrimas contidas, cama.
Luísa quer muito a sua casa, o seu canto incontestável, os seus filhos, os seus momentos a sós. O tempo vai passando entre guerras e tréguas com o tempo e com o mundo na esperança de um dia acordar noutra cama, noutra casa, com alguém a seu lado, e um pequeno-almoço servido na cama de tempos a tempos...
Corre, Luísa corre, explode no vento, bem longe de tudo, esse sentimento de raiva e ódio e cansaço, entrega-te! E manda o tempo dar uma curva com todas as suas tretas!
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